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Análise / Review: Torchlight II

Torchlight II é o mais novo ARPG (Action Role-Playing Game) - um jogo com muitos elementos de RPG, porém mais focado em ação. Vou tentar fazer um review que não seja um comparativo com Diablo - apesar da comparação ser inevitável - e mais focada em apresentar os sistemas do jogo.

Quem curte ARPG, quer enfrentar hordas de inimigos, atravessar o mundo através de tesouros, e ver seu personagem ficando cada vez mais forte, à medida que os desafios vão ficando cada vez maiores, certo? E se é essa a essência da coisa, afirmo sem medo que Torchlight II é muito fiel ao gênero.

Além da personalização de seus personagens "à moda antiga" (onde você distribui pontos de estatísticas e habilidade quando sobe de nível), o jogo possui vários sistemas que acabam por aumentar a diversão do jogo. Não gosta de ter que ir na cidade comprar poção, vender itens quando o inventário lota, etc? Seus problemas acabaram!

Ficha Técnica

Gênero ARPG (Action Role-Playing Game)
Diablo Clone
Desenvolvedora Runic Games
Publicadora Runic Games
Cooperativo Online 6 jogadores
Cooperativo em Rede Local 6 jogadores
Cooperativo Local Sem suporte
Data da lançamento 20/09/2012
Versão analisada 1.25
Data da análise 02/05/2013

Requisitos Mínimos

Processador 1.4 GHz
Memória 1 GB
Espaço em Disco 1.7 GB
Vídeo 256 MB
Direct X 9.0c

Enredo

Torchlight II continua logo após o fim do primeiro Torchlight, com o Alquimista sendo corrompido pelo poder do Ember, e ai ele vira o vilão, e seu objetivo é pará-lo.

Infelizmente, o jogo não possui cutcenes muito chamativas - além de serem poucas, não possuem legenda, e bom, tem um formato bem "infantilizado", seguindo traçados de desenho animado.

O jogo é dividido em 3 atos, com a famosa chain de quests principal, e muitas quests secundárias também.

Progressão

Classes

Aqui o jogo brilha muito. Você escolhe sua classe, dentre as 4 disponíveis (Engineer, Berserker, Embermage ou Outlander), escolhendo o sexo e personalizando levemente o visual do mesmo.

Já é certa vantagem, pois muitos ARPGs ainda tem a mania de não permitir uma personalização no visual das classes.

Estatísticas

Como de práxis, ao matar monstros e fazer quests, você ganha XP e passa de nível. Ao fazê-lo, ganha 5 pontos de estatísticas, e 1 ponto de skill para gastar, ao seu bel prazer.

Esse sistema clássico, embora antigo, funciona muito bem, e permite que você faça personagens únicos. Considerando que todos os 4 stats são úteis em geral a todos os personagens, tem muitas possibilidades nisso.

Além de fornecer características ao seu personagem, os stats são usados também para requisitos de itens. Os itens possuem requisito de nível e requisito de stats, e basta corresponder a um deles e você poderá usar o item. É algo bem original, e possibilita que você use de seus stats para ter acesso a certo item antes da hora, por exemplo.

Habilidades

E nas skills, as possibilidades são tantas… definindo habilidades passivas e ativas do personagem.

Toda skill vai até nível 15, portanto você pode gastar vários pontos numa mesma habilidade, e aqui o jogo já tem um diferencial: as skills possuem bônus extras de “tier” – ao gastar 5, 10 e 15 pontos, a habilidade ganha uma funcionalidade extra. Também é uma dinâmica interessante, e certamente deve ser levada em conta ao gastar seus valorosos pontos de skill.

Fama

O jogo ainda conta com um sistema secundário de progressão, chamado Fama. Ao completar desafios, como matar um monstro poderoso, ou fazer uma missão, você recebe uma quantidade de fama, e ao encher a barra, passa de nível de fama, adquirindo um novo título ao seu personagem.

E claro, não é algo apenas estético: passar de nível de fama também te garante um ponto de skill extra, acumulando com as skills ganhas por nível.

Pergaminhos

Além disso, você tem acesso a 4 slots de magias extras, aprendidas por meio de um pergaminho (que pode ser encontrado, ou comprado de NPCs em determinado ponto do jogo). Essas magias extras são indiferentes das classes, e também poder ser ativas ou passivas. Ou seja, mais personalização ainda!

Você só pode ter 4 ativas ao mesmo tempo – caso queira aprender uma nova, deve remover uma das aprendidas, perdendo permanentemente o pergaminho.

Itens

Ah, e o principal: itens. Muitos itens. Como é comum em todo ARPG, o jogo é uma corrida constante por itens, e com certeza determinam a força do seu personagem. O jogo é bem generoso nos drops – com certeza em menos de 1 hora de jogo você já vai achar um item de set, no mínimo!

E é só pegar o item e pronto? Que nada! O jogo possui tanto o já conhecido sistema de sockets, onde os itens podem possuir “buracos” onde você coloca “gemas”, que conferem bônus extras ao item.

O jogo possui sistemas para remover sockets dos itens – onde você pode optar ou por destruir as gemas dentro do item e recuperar o item sem nada dentro, ou caso as gemas valham mais que o item, resgatar as gemas e destruir o item. Uma dinâmica bem interessante, que permite uma “reversibilidade” no processo de sockets, com um preço que pode ser deveras elevado.

E só, né? Não! Existem diversos NPCs encantadores, que podem adicionar encantamentos no item, fornecendo mais stats ainda! Custa apenas dinheiro, mas é bem caro – à medida que você acrescenta encantamentos, o custo vai aumentando. Você também pode remover os encantamentos, para poder adicioná-los de novo. Com certeza é o principal “Gold sink” do jogo, para dar um propósito ao gold acumulado, te permitindo aumentar mais ainda o potencial de itens.

Em geral, o limite do encantamento é 2 por item, mas isso varia conforme o NPC. Existem NPCs que encantam 3, até 4 vezes o item. Outros, podem adicionar um socket ao item. Alguns adicionam encantamentos mais específicos, como stats de um elemento em específico. É bem interessante, e deve render algumas boas viagens no jogo.

Outro gold sink existente é o famoso gamble, que te permite comprar um item “às cegas”, podendo ele ter valor ou não. E no jogo, este sistema também está bem justo: é muito fácil achar itens únicos através dele.

E sabe aquela maldição de ARPG onde você acha itens apenas para outras classes e fica frustrado? É sempre assim, não é? Pois o jogo tem um NPC “alquimista”, que te permite juntar itens e produzir um novo – e uma das receitas reveladas logo de cara é a possibilidade de adicionar nele 4 itens únicos, para gerar um item único novo aleatório. Muito legal o sistema também.

Pet

Que mais… ah sim, na criação do personagem você escolhe o seu pet – o animal de estimação que te acompanhará pelo jogo – definindo o visual dele e seu nome.

Para que raios esse bichinho serve? – você me pergunta. O jogo é um Pokémon disfarçado? Nada… o pet de auxilia sim em combate, bem autonomamente (te permitindo definir a estância dele: agressivo, defensivo, passivo, apenas), te permitindo equipar 3 itens nele, mas o uso dele vai muito além.

O pet possui um inventário do tamanho do seu, e você pode passar facilmente itens para ele.

Agora, imagine você jogando, numa dungeon demorada, e do nada, fica quase sem poções, e com o inventário cheio. Teria o herói de usar um scroll de portal e ir à cidade, dar uma “pausa” forçada à adrenalina, vender item por item… será?

Em Torchlight II, você não precisa fazer isso. Você pode adicionar itens no inventário do seu pet, escolher no menu dele itens para ele comprar para você, e bom, você manda ele ao shopping! Ele vai, vende tudo as tralhas que estão nele, compra o que você pediu, e volta feliz e saltitante para você com o dinheiro!

O pet também possui os mesmos 4 slots de magia que você tem, então você pode adicionar pergaminhos a ele também, deixando ele usando estas magias “por conta própria”.

Além disso, você pode adquirir peixes que transformam o seu pet temporariamente, conferindo a ele um visual diferente e habilidades únicas. Também é outro aspecto interessante, que trás mais uma dinâmica ao jogo.

Acha pouco? O jogo possui 4 dificuldades, que você escolhe quando cria o personagem (no caso, você escolhe a dificuldade para singleplayer naquele personagem. Você poderá criar ou participar de jogos multiplayer em qualquer dificuldade. Apenas esclarecendo, tem muita gente que tá se confundindo nisso).

As dificuldades definem o desafio do jogo. Casual, para jogadores BEM casuais ou cardíacos. Normal, um pouquinho mais difícil, mas ainda bem fácil. Veteran, já dá uma dificuldade maior, e em alguns momentos a coisa complica. E para os jogadores mais exigentes, a dificuldade Elite (prepare-se para gastar 40 poções num boss, e morrer bastante).

Você tem a liberdade de escolher o desafio que quer enfrentar! Muito interessante também. Pelo que pude encontrar, a dificuldade não influi na qualidade do loot, portanto é algo puramente opcional para todos jogadores, é só uma liberdade a mais que você tem, e deixar o jogo do jeito que quiser.

E quando você o finaliza o jogo, libera a opção New Game +, onde você mantém o seu personagem, com todos itens, níveis e skills, e reinicia a missão da campanha, com o diferencial de, claro, o nível dos inimigos começar a variar conforme o seu nível (para nivelar a dificuldade e o loot), mas também, segundo li, abrem áreas novas e missões extras nisso. Ai sim é uma dinâmica bem interessante e única – um motivo a mais para dar New Game + e ver o que tem de novo. Certamente, aumenta a “replayabilidade” muito bem!

Mods

Pra valorizar mais ainda o título, os desenvolvedores disponibilizaram o GUTS, um editor completíssimo do jogo, e juntamente, uma integração ao Steam Workshop!

O resultado é centenas de mods variados, que podem acrescentar tudo: classes, pets, itens, fases, inimigos... TUDO! E o melhor, é facílimo encontrar, instalar e mater os mods atualizados!

Jogabilidade

Point & Click

Seguindo a tradição dos ARPGs, o jogo utiliza da jogabilidade Point & Click, usando do mouse para comandar o personagem na tela, com o botão esquerdo movendo o personagem e atacando inimigos, e o botão direito utilizando uma skill a sua escolha.

O jogo ainda conta com a famosa barra de skills, que te permite utilizar do número 1 ao 0 no teclado para usar outras skills ou itens rapidamente, à sua escolha. Ainda conta com atalhos muito úteis, para usar "a melhor poção de vida", por exemplo, que muitas vezes fazem falta em jogos do gênero.

Todos os comandos são totalmente personalizáveis, te permitindo "bindar" uma tecla diferente para cada um deles, ou mesmo um conjunto de teclas para cada função (utilizando um modificador, isto é, Ctrl, Alt, Shift...). Uma opção bem interessante para quem quer utilizar poucas teclas e mandar tudo perto da mão.

É uma jogabilidade simples e amigável, que permite a você controlar com facilidade seu personagem, tendo uma boa visão dos inimigos e do cenário ao seu redor, enquanto fatia e explode inimigos alegremente pelas colinas distantes.

Além de administrar sua vida e mana, há outra coisa para se prestar atenção: cada classe possui uma barra única, localizada no meio da tela, e tem seu uso peculiar, variando conforme o estilo de jogo e situação.

Por exemplo, o Engineer enche sua barra à medida que ataca inimigos, e acumula pontos de carga na barra. Certas skills irão gastar esses pontos para aumentar seu poder, e outras poderão inclusive acelerar o ganho de cargas.

Arte

Gráficos e interface

Os gráficos são muito bons e leves - apesar do estilo de arte em geral não me agradar muito. Os efeitos de skills e ataques são bem coloridos, porém suaves, mas quando excessivos, costumam causar certa confusão - por vezes, não consigo localizar os inimigos no meio da bagunça.

A interface me agradou muito. Apesar de ser bem rústica, dá conta do recado, e cai bem na temática do jogo - possuindo detalhes conforme sua classe de personagem, por exemplo.

E também é bem configurável, tanto em termos de opções de detalhamento, mas também de feedback: você tem a liberdade de escolher filtros de itens (mostrar apenas itens raros ou superior, por exemplo), e inclusive pode definir o feedback de "floating texts" (para definir se todo dano causado vai aparecer, ou apenas danos críticos, ou mesmo nenhum dano). Nunca vi um jogo tão bem configurável para este fim, certamente merece nota 10.

Sons e música

Os sons são muito bons: certas skills possuem facilmente 5 sons diferentes de ativação, o que torna menos repetitivo o fato de você estar constantemente "spamando" a mesma magia.

Agora, o principal - a música. O jogo possui uma trilha muito boa, e inclusive inclui na instalação do jogo uma pasta com a trilha sonora completa do jogo, em formato MP3 - com direito ao Booklet do CD!

Cooperativo

Você tem a opção tanto de jogar em LAN quanto utilizar o lobby da Runic Games para encontrar jogos, tendo também acesso rápido à sua lista de amigos no Steam.

É um sistema bem simples, e como os hosts são locais, você consegue jogar com ping 0 sendo o host, e jogadores próximos terão um ping bem baixinho também! Excelente, sem dúvida é a melhor alternativa, especialmente para nós, brasileiros, que sofremos em servidores externos...

Como definido no começo da review, o jogo suporta até 6 jogadores simultâneos. Ainda não tive a experiência de jogar com tanta gente, mas imagino que deva ser até confuso (considerando que todo player tem um pet ainda por cima!). Mas deve render boas risadas!

O loot é individual - mesmo se você jogar um item no chão por engano, outro jogador não poderá pegá-lo - exigindo que você dê um trade com o jogador para passar itens.

As quests também são instanceadas por jogador: mesmo se o host já tiver completado uma quest, um outro jogador que não a tenha feito poderá fazê-la no jogo deste jogador, vendo um NPC no local que o host não conseguiria ver!

Também é possível utilizar o portal de forma a atingir outros jogadores: é possível teleportar no portal de outro jogador, ou diretamente nele, através de portais e waypoints, ou seja, só fica pra tras quem quiser.

Enfim, não tem muito o que falar: jogar sozinho já foi gratificante, mas jogar com amigos certamente torna a coisa muito mais interessante, e certamente pensaram bem nos sistemas pra garantir que a experiência cooperativa seja a melhor possível.

Veredito

É um excelente ARPG, muito completo, e com certeza recompensa o tempo jogado, pelas inovações no sistema de progressão e pela diversão.

Acho que o único ponto que pode desmotivar é a arte do jogo, que pra muitos tem um tom muito infantil, mas se você conseguir superar isso, vai poder apreciar e muito o jogo, que certamente é uma lição para empresas maiores que não fazem seu trabalho direito e esquecem da essência de um ARPG.

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