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Análise / Review: FORCED

Imagine um jogo repleto de puzzles, daqueles que você realmente precisa quebrar a cabeça pra passar. Adicione uma pitada de ação, misture bem, e o resultado será FORCED.

FORCED é o resultado de uma batalha de 3 anos de desenvolvimento, iniciada por um grupo de 8 colegas, que deram o pontapé inicial do projeto com uma coisa em mente: a experiência cooperativa.

Com mecânicas originais, jogabilidade simples e um desafio de alto nível, FORCED oferece partidas rápidas para até 4 jogadores, que realmente exigem entrosamento, reação rápida, e claro, muita adaptação.

Ficha Técnica

Gênero Aventura
Puzzle
Ação
Desenvolvedora BetaDwarf
Publicadora BetaDwarf
Cooperativo Online 4 jogadores
Cooperativo Local 4 jogadores
Cooperativo em Rede Local Sem suporte
Data da lançamento 24/10/2013
Versão analisada 1.04
Data da análise 31/10/2013
Processador Intel Core 2 Duo
AMD Athlon X2
Quad Core 2 GHz
Memória 2 GB 8 GB
Espaço em Disco 5 GB
Vídeo Compatível com DirectX 9.0c 512 MB
Direct X 9.0c

Enredo

Tutorial

Quando você atingiu certa idade, sua tribo determinou que você deveria passar por um ritual tradicional: viajar através de um túnel misterioso – a única saída de sua vila, cercada por rochedos.

Após o pequeno vídeo de introdução, inicia-se um tutorial, com você caindo num local fechado, e sendo recebido por uma criatura peculiar – Balfus, o Mentor Espiritual (Spirit Mentor) – um espírito velho de um gladiador aprisionado em uma forma esférica.

Balfus passa a ser a partir daí tanto o seu guia como seu protetor, auxiliando sempre que possível, alertando sobre os perigos a medida que aparecem, e narrando sua saga.

Campanha

Após o tutorial (chamado de A Seleção – The Selection) ser concluído, você entra no Câmara das Provas (Hall of Trials), onde sua aventura realmente começará.

Você terá a frente 25 testes (as fases propriamente ditas), que são basicamente um conjunto de quebra-cabeças, que ficam cada vez mais complexos e perigosos!

Desafio

Prepare-se também para enfrentar 5 chefes diferentes, nesse percurso em busca da sua liberdade e da salvação de sua tribo.

Um aspecto muito interessante sobre as fases é que os desafios variam conforme a quantidade de jogadores. Se você entrar na fase sozinho, o desafio será levemente diferente de caso estivesse em 2 jogadores, por exemplo.

Ressalto que o jogo não possui dificuldades a serem selecionadas, portanto, concluir o jogo com certeza já é um mérito!

Progressão

Cristais

Saindo do padrão, o jogo não possui sistema de nível, XP, loot, dinheiro ou algo assim. A forma principal de evolução é a coleção de Cristais, que são recebidos ao completar fases.

Ao todo, são 75 cristais que podem ser coletados, ou seja, cada fase pode render 3 cristais: um de conclusão, um de tempo e um de desafio.

Ao completar uma fase, você automaticamente irá receber o cristal de conclusão dela. A partir daí, o jogo revelará para você como adquirir os cristais de tempo e de desafio dela.

Também é possível receber os cristais de tempo e desafio na primeira vez que fizer uma fase, caso você cumpra seus requerimentos sem saber quais eles são.

Os cristais não são gastos: o simples fato de tê-los irá liberar acesso e slots de skills.

Como dá pra ver, com 0 cristais, você só tem 1 skill ativa e 1 slot de skill ativa. Ao pegar 1 cristal, irá liberar a primeira skill passiva, e 1 slot de skill passiva. 2 cristais liberarão outra skill ativa, e assim por diante.

Portanto, ter mais cristais torna seu personagem mais forte, a medida que você poderá eventualmente levar 3 skills ativas (22 cristais) e 3 skills passivas (30 cristais), mas em via de regra, a grande vantagem é a possibilidade de criar novas combinações de skills, e adaptar-se sempre que possível às mais diversas situações.

Dessa forma, não basta passar das fases – apenas passar delas garantirá só 25 cristais dos 75. Você com certeza irá repetir uma mesma fase algumas vezes, tentando passar dela rapidamente para garantir o cristal de tempo, ou cumprindo alguma regra em específico para pegar o cristal de desafio.

Para saber quais cristais você já possui em cada fase, basta ir no Hall of Trials, e prestar atenção na entrada de cada fase. Acima de suas portas, existem 3 ícones de cristais, que poderão estar presentes ou não, conforme os cristais que você pegou naquela fase.

Ranking

Jogadores mais competitivos poderão inclusive tentar fazer as fases no menor tempo possível, pois há um ranking de tempo, visível por todos. Você pode disputar o ranking global, ou o ranking com seus amigos – seja ranking de tempo por fase, por área, ou total.

Jogabilidade

Visão isométrica, parece que anda-se pelo mouse, certo? Errado! A movimentação é feita pelas teclas WASD, deixando o mouse livre para mirar e desferir ataques. Como eu gostaria que os ARPGs copiassem essa fórmula…

Usando o botão esquerdo do mouse, ataca-se na direção do cursor do mouse. Skills são desferidas com o botão direito do mouse, e teclas Q e E.

Skills não gastam mana: apenas possuem um cooldown próprio. O jogo inclusive exibe o tempo restante de cooldown em cada skill sobre o ícone de cada uma delas, após serem utilizadas.

Balfus

Outro botão muito utilizado é a barra de espaços, que serve para controlar Balfus. Ao apertá-la, Balfus irá até o local onde você estava quando apertou o botão. Você também pode segurar a tecla por 0,3 segundos, fazendo com que Balfus te siga.

E prepare-se, pois você utilizará MUITO a barra de espaços. Todo quebra-cabeça do jogo envolve você se movimentar, posicionar, para então poder posicionar o Balfus, e então deslocar-se novamente e direcionar o espírito para tocar em alguma coisa do cenário…

Parece fácil? Talvez até seria, se não houvesse uma horda de inimigos querendo o seu sangue e sua carne! Pois é, é basicamente isso: imagine juntar os puzzles de Portal 2 no meio de uma fase difícil de Diablo.

Armas

O jogo te oferece 4 armas (basicamente, 4 classes), que podem ser facilmente trocadas entre as fases, na Sala de Preparação. As armas são:

  • Spirit Blades: Um par de garras extremamente rápidas, excelente para retalhar seus inimigos um a um.
  • Volcanic Hammer: Um martelo enorme, capaz de esmagar diversos inimigos simultaneamente.
  • Frost Shield: Um escudo com espinhos, que te protege e ainda pode ser arremessado.
  • Storm Bow: Um arco encantado, que dispara flechas de choque.

Mecânicas

Cada uma das armas tem uma jogabilidade própria, e especialmente a medida que você liberar suas skills, irão se diferenciar mais ainda.

Uma mecânica que adiciona mais complexidade ao combate é o sistema de Marcas (Marks). Ao atacar um inimigo, ele receberá um marcador sobre sua cabeça, e cada ataque subsequente irá aumentar o seu marcador, até um máximo de 5 marcas por inimigo.

Quase todas suas skills ativas tem sua eficiência aumentada proporcionalmente à quantidade de marcadores sobre o alvo – chamadas de Mark Spenders. Já outras skills irão aumentar o número de marks em inimigos afetados por elas, as chamadas Mark Appliers. Há ainda as skills que nem gastam nem aplicam marks, ignorando totalmente essa mecânica.

Dispositivos

Todos os controles podem ser alterados dentro do jogo, e funcionam perfeitamente. Porém, um pequeno defeito: quando o jogo sinaliza qual botão você deve apertar, ele mostra o nome das teclas originais, ao invés das teclas que você configurou.

O jogo também conta com suporte total a joystick, e é uma opção para quem preferir, especialmente se quiser desfrutar do multiplayer local.

Arte

Gráficos

O jogo possui gráficos com cores fortes, contrastando com as sombras presentes nos objetos, que tornam os ambientes bem trabalhados e diferentes a cada tela.

Os modelos de personagens são bem simples, bem poligonais. Lembram bastante o estilo artístico presente em Torchlight (exceto pela falta de cell shading).

Efeitos

Já os efeitos visuais, nas skills em especial, são muito legais. Muitas partículas e filtros, mas nada ao ponto de cegar e prejudicar a visão, tudo bem dosado.

Não há muitas possibilidades de personalizar o gráfico do jogo – você pode apenas escolher uma das qualidades gerais, que vão de “Ugly but Fast” até “Beautiful”.

Interface

A interface do menu é bem funcional em geral – com um design simples, mas bem organizada. Apenas alguns menus que foram mal trabalhados, mas nada que prejudique a funcionalidade, ao menos.

Já no jogo, a HUD é muito discreta, e possui um layout modesto. Localizada no canto esquerdo inferior, você consegue ver as skills ativas selecionadas, e o cooldown restante sobre elas, após terem sido usadas, e logo abaixo, sua barra de vida.

Sons e música

As músicas são coerentes com a temática de gladiadores, tendo um toque de epopeia épica, porém não aparecem suficientemente no jogo. Pra ser sincero considero um ponto positivo, pois o jogo em geral exige muita concentração.

Os sons seguem a mesma linha, com um som especial que costuma ter destaque: sempre que você cumpre um objetivo, o jogo faz um barulho diferente, do estilo “aeeeee manolo, você conseguiu”. Legalzinho, e serve como sinalizador sonoro pra quando você não pode olhar para a HUD e identificar que o objetivo foi cumprido.

No geral, o conteúdo áudio-visual do jogo é um tanto modesto, mas certamente está em um padrão superior à maioria dos jogos indie.

Cooperativo

Se no singleplayer o jogo já é excelente, no multiplayer ele consegue ficar melhor ainda.

Para iniciar uma partida multiplayer, você deverá ir no menu Co-op Play, que abrirá uma lista com todos jogos online criados e não-cheios.

Nesta lista, é possível ordenar pela quantidade de jogadores, quantidade de cristais e modo de jogo.

Além de poder entrar no jogo dos outros, você pode criar um jogo novo, escolhendo o nome da sala, a quantidade de jogadores (2, 3 ou 4), e o modo de jogo (Campanha ou Survival).

Criando um jogo ou entrando numa partida, você cairá numa espécie de Lobby, onde poderá adicionar jogadores locais (utilizando joystick). Neste lobby é possível conversar normalmente, digitando ENTER para iniciar o chat e enviar mensagens.

Clientes devem marcar que estão prontos, e o host poderá então iniciar o jogo. Uma característica interessante é que o host pode iniciar o jogo mesmo se ele não estiver cheio, e quando fizer isso, pode definir se permitirá que jogadores entrem no jogo durante seu progresso, o famoso e prático drop-in!

Iniciando uma partida multiplayer, o número de cristais dos jogadores será o mesmo, e sempre será igual ao do jogador com menos cristais. Portanto, nada de ser rushado – se você pretende ter acesso as skills mais avançadas, terá de pegar os cristais também, sozinho ou com a ajuda de outros!

Na hora de escolher as armas, não é possível repetir as mesmas, portanto numa partida de 4 jogadores, automaticamente cada um terá uma arma. Inclusive no chat, as cores dos textos dos jogadores são vinculadas à suas armas, para facilitar a identificação.

Os desafios das fases são acomodados para a quantidade de jogadores presentes. Além disso, o Ranking das fases também é separado conforme o número de jogadores.

Um dos aspectos mais peculiares é que há apenas um Espírito Mentor para todos. Dessa forma, os jogadores devem coordenar muito bem o uso do Balfus para terem sucesso.

Jogando multiplayer, é possível respawnar – após um dos jogadores morrer, inicia-se um timer de 30 segundos, e após esse tempo você poderá respawnar sobre o Balfus. A partida só é perdida se todos jogadores morrerem e não houver nenhum vivo.

Câmera

Outra característica muito legal é que a HUD e a câmera dos jogadores é basicamente a mesma: você será capaz de ver a vida e as skills de todos seus aliados, e a câmera ficará presa para todos.

A medida que os jogadores se afastam, a câmera fica mais distante para poder mostrar todos simultaneamente. Mesmo jogando online, a impressão que se tem é de estar jogando localmente!

O ping é exibido no canto esquerdo superior da tela, após estar em um jogo online, como dá pra notar nas screenshots.

Termino esta parte apontando uma falha: a falta de comunicação por voz in-game. O jogo exige muita cooperação e sincronia do time, e o chat em texto não é capaz de suprir a demanda do mesmo. Claro que grupos de amigos sempre poderão utilizar programas para conversar, mas de fato para grupos aleatórios, é um recurso que faz falta!

Veredito

O jogo realmente surpreendeu a comunidade internacional, e não foi atoa.

Apesar de todas as dificuldades, a equipe da BetaDwarf conseguiu trazer inovação, criando uma quimera. Ninguém sabe ao certo definir o gênero do jogo: se é puzzle, ação, estratégia, RPG, aventura… é um pouco de tudo, de fato, pegando aspectos diversos e juntando de forma harmônica, desafiadora e divertida.

Falo da BetaDwarf não é atoa – o desenvolvimento do jogo teve um trajeto digno de filme de Hollywood. Ficou curioso? Clique aqui e saiba como foi!

Vou ser bem sincero: joguei apenas 40% do jogo em singleplayer, e 20% no multiplayer, mas mesmo assim o jogo já está na minha lista dos melhores títulos cooperativos recentes: é casual, é difícil, é inteligente, é criativo, e ainda tem muita ação, e pra uma pessoa mais relax como eu, até morrer rende risadas!

Certamente ainda há trabalho pela frente, especialmente para prolongar a vida do jogo, adicionando conteúdo novo, corrigindo bugs e melhorando a estrutura online. Mas o jogo já está muito bom, e merece a atenção de todo gamer de plantão!

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