As mais completas análises de jogos cooperativos para PC

Análise / Review: Resident Evil 6

Já imaginou se você caçasse zumbis, e em um dado momento, virasse comida de um deles, e pra piorar, ele ficasse te comendo na frente da câmera tipo gato na propaganda de Wiskas? E que tal se pra piorar, fosse outro jogador controlando o zumbi que te pegou?

Resident Evil 6 traz várias inovações à famosa franquia da Capcom, possuindo modos cooperativos, competitivos, e longas campanhas a serem desbravadas ao lado de um fiel escudeiro.

Ficha Técnica

Gênero Ação
Horror
Desenvolvedora Capcom
Publicadora Capcom
Cooperativo Online 2 jogadores
Cooperativo Local 2 jogadores
Cooperativo em Rede Local Sem suporte
Data da lançamento 22/03/2013
Versão analisada 1.0.6
Data da análise 29/10/2013
Processador Intel Core2 Duo 2.4 GHz
AMD Athlon X2 2.8 GHz
Intel Core2 Quad 2.7 GHz
AMD Phenom II X4 3 GHz
Memória 2 GB 4 GB
Espaço em Disco 16 GB
Vídeo (NVIDIA) GeForce 8800 GTS GeForce GTX 560
Direct X 9.0c

Enredo

Campanhas

A trama do jogo ocorre num período entre Dezembro de 2012 e Junho de 2013, mais de 15 anos após a destruição de Raccon City, e se passa em várias regiões do mundo. Para nossa alegria, o jogo conta com 4 campanhas, aproveitando os personagens já conhecidos da franquia.

A campanha do Leon, acompanhado da estreante Helena Harper, começa nos Estados Unidos, onde o presidente, Adam Benford, decide revelar a verdade por detrás do que aconteceu no incidente de 1998 na cidade de Racoon. É a campanha que mais lembra Resident Evil 4 ou até Resident Evil 2, misturando uma atmosfera escura e zumbis em uma cidade pequena.

Outra campanha é a do Chris, que inicia-se com ele tendo deixado o comando da BSAA e virado um bebum de carteirinha, que é confrontado por Piers Nivans, seu fiel escudeiro, a voltar e encarar a missão de acabar com o Bioterrorismo, na China. É a campanha com mais ação, em alguns momentos lembrando mais Gears of War do que Resident Evil.

Há ainda a campanha do Jake, que estréia na série como o maior badass ao estilo Dante de Devil May Cry, que torna-se companheiro da Sherry, que iniciam a jornada na região fictícia de Edonia, fugindo das autoridades durante um ataque bioterrorista. O ponto forte da campanha é a presença impactante do Ustanak, um sucessor de um amiguinho famoso do Resident Evil 3.

A última campanha é da Ada Wong, que originalmente só podia ser jogada em single-player, mas após um patch permitiram que ela fosse jogada cooperativamente, sendo acompanhada por um “Agente” genérico. A campanha tem muitos momentos de stealth, e promete muitas revelações de enredo.

Totalizando isso tudo, o modo campanha deve render mais de 20 horas de jogo.

Um detalhe interessante é que não há uma ordem cronológica nas campanhas, e portanto elas podem ser jogadas em qualquer ordem.

Porém, há várias interseções no jogo, onde num dado momento, uma dupla da campanha encontra a dupla de outra campanha, e se auxiliam (ou até se atrapalham sem saber).

As fases são bem lineares, dificilmente causando confusão quanto ao caminho, apenas em raras exceções. Porém, em geral são massantes e excessivamente previsíveis.

Em alguns momentos o jogo tem missões variadas, como perseguições de carro, ou até mesmo deixando um dos jogadores pilotando o jato, e mesmo tendo pouca complexidade (no nível de um jogo do gênero de 15 anos atrás), servem para renovar a sessão de jogo, e contribuem com o enredo mais do que uma mera cutscene.

Progressão

Skills

Além das armas que você libera durante cada campanha, o jogo conta com um sistema especial de skill points. Certos monstros podem derrubar itens que dão pontos de skill quando mortos, e outros pontos são encontrados em caixas durante as fases.

O jogador poderá comprar várias dessas skills, e equipar até 3 delas simultaneamente, para obter algum bônus passivo. De início você só tem 1 set de skills, mas após finalizar uma campanha, ganhará 8 slots de presets, podendo alternar entre eles rapidamente, criando efetivamente sets distintos de skills para cada situação.

Algumas skills tem uma exigência para serem liberadas para compra, como matar X bixos com tal tipo de arma, ou finalizar todas as campanhas.

Efetivamente, o sistema de skills é o único sistema de progressão no jogo, que permite uma evolução dos personagens como um sistema simples de XP.

Dog Tags

Outras coisas que podem ser destrancadas são as Dog Tags, que são Placas de identificação exibidas quando você entra no jogo de alguém. Você pode alterar o Modelo, Emblema e Título de sua Dog Tag.

Modelos são destrancados após completar capítulos de cada campanha, emblemas são destrancados com certos achievements, e títulos são destrancados por quantidades de ações (Execute X contra-ataques, morra X vezes, etc).

Rank

A última progressão seria os recordes de capítulos de cada campanha. Ao finalizar um capítulo, o jogo te dá uma medalha, com base em seu desempenho, e também grava o tempo levado para completar o capítulo em questão.

Como existem 5 dificuldades (Iniciante, Normal, Veterano, Profissional e Sem Esperança), jogadores mais competitivos podem jogar para obter a melhor medalha, no menor tempo possível, e na maior dificuldade possível.

Jogabilidade

Ação em terceira pessoa

Finalmente. Certamente é um dos pontos fortes do jogo – indubitavelmente, uma grande evolução se comparado ao Resident Evil 5. Se você jogou o 5 e tem suas críticas, não se preocupe: no 6, você poderá mover e atirar, rolar, esquivar, correr rápido, com comandos próximos aos de jogos de tiro modernos.

Naturalmente, a movimentação padrão utiliza WASD para andar com o personagem. A barra de espaços é o botão de ação, e é usada para muitas ações contextuais, e quando segurada sem contexto, é usada para correr.

No mouse, você movimenta a câmera. Com o botão direito você prepara a mira, e com o botão esquerdo atira. Se apertar o esquerdo sem segurar o direito, desferirá um ataque corporal. Também é possível fazer um tiro rápido, apertando simultaneamente botão direito e esquerdo.

O botão direito do mouse pode ser usado para esconder-se em cobertura, se utilizado perto de paredes inteiras ou parciais, permitindo esconder-se e atirar rapidamente, com certa proteção.

O Scroll do mouse pode ser utilizado para trocar de arma, e se utilizado junto com SHIFT, irá selecionar algum item equipável (Spray de cura, granadas, etc).

A tecla R é utilizada para recarregar a arma ou pegar itens; a tecla E abre o inventário de itens; a tecla 1 utiliza comprimido de cura; e a tecla Q pode ser segurada para exibir o caminho a ser seguido na missão atual (waypoint).

Esquiva

E claro: rolar! Uma das grandes novidades é a possibilidade de esquiva. A versão “composta” para executar essa ação implica em estar mirando (botão direito do mouse segurado), e apertar o direcional da direção desejada (W, A, S ou D) e barra de espaços simultaneamente.

Rolar para frente ou para os lados irá simplesmente deslocar-se rapidamente. Já para trás, fará com que o personagem dê um pulo para trás a lá Max Payne, que permite dar alguns disparos no ar inclusive.

O personagem cairá no chão pronto para disparar – se você mantiver o botão direito segurado, o personagem continuará caído, mirando do chão. Dessa posição do chão, é possível rolar para os lados com A e D, engatinhar para frente com W, ou recuar para trás com D.

A última combinação de teclas de movimentação é apertar botão direito + barra de espaços, para fazer o personagem agachar momentaneamente – útil em poucos momentos para esquivar-se de tiros ou ataques sem ter cobertura.

Gauge

Um recurso interessante na movimentação são os comandos que podem ser executados com o personagem correndo. Enquanto você correr (movimentar-se com a barra de espaços segurada), poderá apertar o botão direito do mouse para deslizar no chão, ou apertar o botão esquerdo do mouse para desferir um ataque diferente, que varia conforme o personagem.

Ambas ações utilizam uma barra de gauge, assim como a ação de dar alguns ataques corporais. Essa barra de gauge funciona como uma espécie de estamina do personagem, que quando esgotada, o deixa cansado, se movimentando vagarosamente, e dando ataques lentamente, além de deixá-lo vulnerável para cair no chão por qualquer dano sofrido.

Inventário

Algo que certamente tenho a reclamar do jogo é o gerenciamento de inventário, que é um pouco complicado – apertando a tecla E, você irá abrir o inventário. O scroll do mouse irá mover a seleção entre os itens.

Ao apertar barra de espaço sobre um item no inventário, irá aparecer a opção para excluí-lo do seu inventário. Apertando barra de espaços novamente irá iniciar a exclusão. Você deverá então confirmá-la, movendo a seleção para a checagem de confirmação com scroll para cima, e apertando espaço novamente. Ufa!

Falo em exclusão de itens pelo seguinte motivo: você só possui 9 slots de itens. Parece muito a princípio, mas logo que você pegar várias armas, verá cada slot de inventário sendo ocupado por um tipo de munição (ou mais, para cada arma), e ai dificilmente terá espaço para granadas, sprays de cura ou ervas. Então, tenha ciência que gerenciamento de inventário é essencial no jogo. E chato.

Aliado

Para coordenar o seu aliado controlado pela AI, ou mesmo para sinalizar algo a seu aliado controlado por jogador, você utilizará a tecla V. Apertar e segurá-la irá centralizar sua câmera sobre o seu aliado, favorecendo assim a localização do mesmo. E além disso, irá abrir um menu de possibilidades de comando.

Você poderá então, segurando o V, apertar Q para agradecer, 1 para elogiar, W para mandar o aliado entrar, S para chamá-lo até você, A para mandá-lo esperar e D para mandá-lo recuar. Tudo isso permite um controle muito bom da AI do jogo, de forma rápida e prática.

Muitos dos comandos compostos possuem teclas próprias para desempenhar as funções (rolar, ordenar aliado), mas sinceramente eu acho que quanto menos botões diferentes tiver de apertar, melhor, então eu sempre utilizo os atalhos compostos para essas ações, e agradeço muito por existir essa possibilidade.

Recursos legais

Termino a parte de jogabilidade falando de dois recursos que gostei muito no jogo: contra-ataques e ataques situacionais.

Contra-ataques podem ser desempenhados quando um inimigo vai te atacar, e o jogo sinaliza pra você que você pode apertar o botão esquerdo do mouse. Isso fará com que seu personagem desempenhe um contra-ataque, que é sempre algo bonito de se fazer, com muito estilo, e é uma garantia de você não tomar o ataque.

Já os ataques situacionais acontecem quando o jogo sinaliza que você pode apertar botão esquerdo do mouse, e de acordo com a situação, irá matar o inimigo de alguma forma. Um zumbi desatento pode ter sua cabeça esmagada contra a parede, e as vezes você irá executar golpes únicos conforme o personagem. Ou ainda, utilizar a própria arma do inimigo contra ele mesmo. É tudo bem legal, e surpreendente, e lindo de se ver.

Recursos chatos

Ah, essa história de apertar botão quando sinalizado me lembrou de algo… os famosos button prompts. Não chega ao nível de Ninja Blade, mas em muitos, muitos momentos, entre cutscenes e até no meio do jogo, você terá de apertar botões para desempenhar ações, ou lidar com o resultado desastroso e fatal de sua falha.

Girar o direcional para se soltar, apertar Espaço e R juntos para desviar de algo, apertar espaço sem parar para segurar uma porta que se fecha enquanto seu parceiro passa por ela… é muito, MUITO frequente. Acredito que especialmente na campanha do Leon, acontece demais, e enche o saco.

Outros momentos são frustrantes por outro motivo: câmeras. Em especial no fim campanha do Chris, onde você deve correr numa parte, e a câmera gira sem parar, alternando assim a direção em que você anda subitamente, fazendo o comando não ser responsivo. Muita frustração após várias mortes sem sentido.

Em geral, os comandos evoluíram muito desde o Resident Evil 5, sendo muito mais responsivos, tirando inclusive o feeling de horror do jogo por permitir ao jogador ter uma reação melhor, de esquiva ou de corrida súbita.

Ao mesmo tempo, o gerenciamento de inventário forçado pelo espaço limitado, e essas situações de apertar botões por qualquer besteira, ou ter a câmera sendo uma ameaça por prejudicar o controle, penalizam e muito essa evolução no jogo.

Arte

Gráficos e interface

O jogo possui gráficos belíssimos. Especialmente na campanha do Leon, o jogo trabalha muito com escuro, e a iluminação faz um ótimo trabalho na ambientação.

A HUD do jogo é muito linda, e varia conforme a campanha jogada. É muito intuitiva, e mostra tudo que você precisa ver sem obstruir sua visão.

Um dos pontos ruins do jogo é o FOV padrão (campo de visão), que posiciona a câmera muito próxima ao ombro do personagem, e dificulta a visão do jogo. Felizmente, é possível mudar o FOV do jogo (e recomendado!) para acabar com esse problema.

O jogo está um tanto pesado, isso é fato, mas não se preocupe – se estiver na dúvida se o jogo rodará ou não em seu computador, recomendo baixar esta ferramenta através do Steam, que servirá para fazer um Benchmark do jogo em seu computador, e você poder então analisar se poderá jogá-lo ou não.

Sons e música

Quanto ao som, é muito bem articulado, com um destaque para as vozes dos personagens, presentes em todo o jogo. Acho que a atmosfera não traz tantos sons que poderiam contribuir para a ambientação de terror (como ocorre em Dead Island, por exemplo), e com certeza poderia ter tido um trabalho melhor.

A música ambiente é moderada, sendo um simples “fundo” na maior parte do tempo, se destacando em poucos momentos de stress maior. Não se destaca, mas faz bem o seu papel.

Cooperativo

Sim, você precisa jogar este jogo cooperativamente. Como em Resident Evil 5, você está sempre acompanhado por outro personagem, que se em singleplayer, é controlado por uma inteligência artificial, mas pode ser controlado por um jogador também.

Quer jogar com um amigo? Você pode jogar em Split Screen, tendo a tela dividida, e ficando um no controle e um no teclado/mouse (ou dois no controle, né), e claro, jogar via internet. Tudo é configurável quando você decide criar sua partida, um movimento bem interessante que permite ao jogador definir exatamente como e com quem ele aceita jogar.

Ao jogar com outra pessoa, os saves são totalmente separados: se você está jogando na campanha do Leon, você de Leon e ele de Helena por exemplo, quando você decidir jogar de Helena, não irá ter arma alguma fora as iniciais.

Cooperação

E dá certa diferença o personagem que você joga. Não só pelas armas iniciais e movimentos exclusivos de cada personagem, mas também porque nas missões, em certas ocasiões os personagens se separam, e cada um precisa percorrer um caminho em específico, desempenhando um papel diferenciado.

O jogo não tem tanto aqueles combos em conjunto que haviam no Resident Evil 5, mas é possível salvar um aliado que esteja quase morto, ou soltá-lo se estiver sendo agarrado por um zumbi, por exemplo. Esses momentos de auxílio são bem legais, e certamente um dos pontos fortes na hora da cooperação.

Outro detalhe importante é que ao usar itens de cura, é possível curar o seu aliado junto também. Portanto, na hora de decidir se deve-se racionar ou usar itens de cura, é importante levar o aliado em consideração além de você.

Mercenários

A versão de PC conta ainda com o modo extra Mercenários (The Mercenaries), onde o jogador escolhe um mapa e personagem, e deve matar 150 inimigos em busca de um recorde de pontuação.

Com certeza, após terminar a campanha, pode render boas sessões cooperativas!

Modos competitivos

Vou começar falando de algo que gostei muito em conceito: o modo Caça a Agente (Agent Hunt). Nesse modo, você entrará na campanha de algum jogador, mas como uma criatura. Seu papel é achar o jogador, e matá-lo.

Sim, o jogo permite (e encoraja) esse tipo de bullying! E como jogador, é bem interessante quando você está realizando a campanha, e vê que um jogador entrou como criatura em sua partida… é certeza que você terá um motivo a mais para se preocupar, e chega até a dar aquele friozinho na barriga!

Os outros modos competitivos são todos DLCs:

  • Massacre (Onslaught Mode): Uma versão competitiva do modo Mercenários, 1×1, onde ao executar um combo alto, mais inimigos vão para o seu inimigo.
  • Sobreviventes (Survivors Mode): Deathmatch ou Team Deathmatch para até 6 jogadores.
  • Predador (Predator Mode): Uma espécie de mata-mata, onde um dos jogadores é transformado no Ustanak e enfrenta todo o restante.
  • Cerco (Siege Mode): Seja um agente que resgata civis, ou uma criatura que as caça.

Veredito

Imagine só: poder jogar as 4 campanhas inteiras cooperativamente! Pois é, é muito legal, especialmente pra quem já é fã de carteirinha da série, e aproveitará a longa história do jogo.

Tive a oportunidade de finalizar até agora 2 das campanhas cooperativamente, e garanto que o resultado é muito bom. Embora realmente o jogo não seja tão “horror” como era originalmente, dá pra ver que a franquia vem sim evoluindo, e neste título tentaram várias inovações, a maioria para melhor.

A história tem seus pontos fortes e pontos fracos, mas em geral a trama é interessante, e fecha muito bem seus pontos com as interseções entre os personagens, que permitem ao jogador experienciar o outro lado da moeda numa mesma situação.

Ainda tenho muitas horas de jogo pela frente, e embora eu tenha ficado apreensivo no começo, e me frustrado com muitos pontos do jogo, em geral estou achando bem recompensador, e recomendo sem medo nenhum o jogo.

Destaco no jogo a experiência de medo, que embora atenuada pelo seu poder e velocidade de reação pela jogabilidade fluida, em muitos momentos é acentuada por uma morte brutal que você ou seu parceiro sofre, que te deixará chocado, inconformado, humilhado! É brutal mesmo. O jogo não vai ter dó nenhuma de você.

A adição dos inimigos J’avo também é um ponto fortíssimo do jogo (que não abordei em detalhes pra não deixar spoilers), mas são inimigos que se transformam de acordo com a forma que você tenta matá-los, e sofrem mutações que os transformam em outras criaturas. Isso dá uma diversidade muito grande no jogo em termos de estratégia, e é sempre surpreendente.

Seja você fã de jogos de ação ou horror, e prefira jogar sozinho, cooperando ou competindo, Resident Evil 6 é um jogo muito completo, e capaz de agradar aos mais diversos paladares – se você for capaz de superar os seus defeitos, sem se frustrar rapidamente!

Comentários