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Análise / Review: Gauntlet

Quatro personagens arquetípicos, um labirinto. Tesouros, armadilhas, e uma horda infinita de inimigos. E claro, uma simples missão: escapar vivo!

Gauntlet é um remake do clássico homônimo de 1985 para fliperama, que mantém sua fórmula repleta de ação e cooperação, adequando-a para os dias de hoje com muitas novidades e refinamentos.

Criado pelo estúdio desenvolvedor do Magicka, não só tem um foco extremamente cooperativo, como também possui sistemas bem legais, e suporte a cooperativo para até 4 jogadores, localmente, online, ou um pouco de cada, por que não?

Ficha Técnica

Gênero Aventura
Ação
Desenvolvedora Arrowhead Studios
Publicadora Warner Bros Games
Cooperativo Online 4 jogadores
Cooperativo Local 4 jogadores
Cooperativo em Rede Local Sem suporte
Data da lançamento 23/09/2014
Versão analisada 1.0.2
Data da análise 11/10/2014
Processador Dual Core 2,4 GHz
Memória 4 GB
Espaço em Disco 20 GB
Vídeo (NVIDIA) GeForce 9800 GT GeForce GTX 460
Vídeo (AMD) Radeon HD 2600 XT Radeon HD 5870
Direct X 10.0

Enredo

Prólogo

Durante séculos, aventureiros ousados foram atraídos por promessas de tesouros sem fim nas profundezas do labirinto, mas ninguém nunca saiu dele com vida. O mago corrupto Morak convoca asseclas e armadilhas tortuosas para impedir os aspirantes a campeões, além de atordoar todos eles pelo caminho. Mas um novo grupo de heróis quer vencer onde todos os outros fracassaram.

Esse é o simples prólogo do jogo, que coloca 4 personagens – Guerreiro, Valquíria, Feiticeiro e Elfo – lado a lado, encarando os desafios do labirinto, com o objetivo de sobreviver e conseguir seu grande prêmio.

Campanha

Para ter sucesso, os aventureiros devem encontrar os 3 Fragmentos Perdidos de Tyrfing, que estão espalhados em 3 localidades: as Criptas do Rei Sol, as Cavernas de Mag’Ash e o Templo Flamejante de Dur, que são os 3 atos do jogo em sequência.

Cada ato é dividido em 4 capítulos, cada um representado por uma porta diferente. Os 3 primeiros capítulos de cada ato são compostos de 3 andares, e o último capítulo é a luta com um chefão, totalizando assim 30 fases ao todo – algo que deve tomar cerca de 6 horas de jogo para ser finalizado, sem qualquer enfoque em história.

Progressão

Maestrias

Os desenvolvedores fizeram um trabalho bem único na progressão do jogo, deixando algo interessante e recompensador. Pra começar, não existe sistema de nível: para medir o grau de evolução do personagem, é utilizado o índice de maestrias.

Para adquirir uma maestria, você deve desempenhar alguma ação no jogo. Por exemplo, ao matar 2.000 múmias, você irá liberar maestria chamada Matador de Múmias, que irá conceder um bônus ao 10% de dano contra Múmias.

A maioria das maestrias possuem 3 níveis: Bronze, Prata e Ouro. No exemplo anterior, Matador de Múmias de nível bronze aumentaria o dano contra múmias em 10%, mas assim que você matar 8.000 múmias, irá atingir o nível prata da maestria, aumentando o bônus de dano para 18%.

Ao todo, são 30 maestrias distintas, que considerando os níveis, podem chegar a 72 pontos (77 para o Feiticeiro), e devem ser liberadas à medida que você zerar o jogo sem muitos problemas. Por exemplo, zerando na dificuldade normal, obtive 25 de pontuação de maestria com a Valquíria.

Os bônus fornecidos pelas maestrias são sutis: 5% de redução de tempo de recarga numa habilidade, 6% de velocidade do personagem numa fase, por aí vai.

Relíquias

Durante sua aventura, você irá encontrar muitas moedas de ouro, que poderão ser acumuladas, e gastas no mercante do jogo, comprando relíquias e itens de carga equipamentos.

Relíquias são itens que possuem habilidades ativas. Ao todo, você irá encontrar 10 relíquias a venda, e embora possa comprar as 10, só poderá equipar no máximo duas simultaneamente.

Além das relíquias terem um preço inicial para aquisição, e poderão ser aprimoradas por mais dois níveis, também por um preço em moedas de ouro, melhorando a habilidade do item.

Equipamentos

Já os itens de carga equipamentos são puramente estéticos, e são constituídos de capacetes, armaduras de peito, armaduras de perna e armas. Para liberar acesso a um item, você deverá passar de uma fase específica do jogo, numa determinada dificuldade, e só então poderá comprá-lo.

Cada dificuldade irá liberar diferentes itens estéticos. E por falar em dificuldade, o jogo possui 4 níveis de dificuldade: fácil, normal, difícil e injusto.

Na dificuldade difícil, você enfrentará muito mais inimigos, que inclusive são mais rápidos e poderosos, e será recompensando com mais o ouro. A dificuldade injusto é muito mais difícil, e possui uma pegadinha: a comida é feita de ouro, garantindo assim acesso a mais dinheiro ainda, porém sem permitir a recuperação de vida nas fases.

Está achando pouco o dinheiro pego no chão? Ao final de cada andar/capítulo, toda a pontuação da fase é convertida em dinheiro, com um bônus possível se você terminar a fase com uma coroa na cabeça. A coroa é derrubada sempre que você levar algum golpe, e pode acabar caindo fora do cenário, então cuidado!

Também ao final de cada fase será mostrado o seu progresso nas maestrias, listando o nível atual e próximo nível de cada uma que você tenha avançado.

Para conseguir mais pontos, o de sempre: além de criaturas poderosas darem mais pontos, matar vários inimigos em sequência irá fornecer um multiplicador temporariamente à pontuação, então faça isso sempre que possível.

E o melhor de tudo é que toda progressão é separada por personagem: cada um terá suas próprias maestrias, seu dinheiro, relíquias e itens de carga!

Jogabilidade

O jogo possui visão isométrica, com movimentação utilizando WASD, onde o mouse fica totalmente livre para mira e ataques – uma combinação excelente para jogos com muita ação.

Com o mouse, além de mirar ao redor do personagem, o botão esquerdo é utilizado para ataques normais, e o botão direito para ataques secundários poderosos, que variam conforme o personagem.

A tecla SHIFT utilizará outra habilidade característica do personagem, usualmente relacionada à mobilidade: correr com o guerreiro, bloqueando com a valquíria, ou rolando com o elfo.

A última tecla de habilidade é a barra de espaço, que irá utilizar a habilidade mais devastadora do personagem, que inclusive possuirá com tempo de reuso, o famoso cooldown: ataque giratório para o guerreiro, lançamento de escudo para a valquíria, e bomba para o elfo.

Feiticeiro

A grande exceção disso tudo é o feiticeiro, que faz o jogo funcionar como um mini-Magicka: você conjura elementos, e lança a magia correspondente à combinação destes elementos! Na prática, está mais para o Invoker do Dota.

Você deverá apertar uma das 3 teclas de elementos duas vezes rapidamente, e conforme o arranjo dos mesmos, irá resultar numa magia distinta. Ao todo, são 9 magias diferentes, cada uma com tempo de recarga variável e efeitos únicos!

Já as relíquias que você comprar e equipar serão utilizadas respectivamente com as teclas Q e E. As relíquias possuem efeitos e durações distintas, e a única limitação de seus usos é que precisam de uma poção para serem ativadas.

Outras teclas são F, utilizada para interação com cenário e objetos raramente, e as setas direcionais, utilizadas para emotes sonoros.

A versão inicial do jogo não permitia a reconfiguração das teclas, mas desde o patch 1.02 isso foi corrigido. Pra quem preferir joysticks, o jogo possui suporte nativo, mas até o momento, não é configurável.

Interação

Na prática, a jogabilidade é muito rápida, com muitos inimigos na tela ao mesmo tempo. Em geral, as fases são bem lineares, onde você deve avançar destruindo uma horda de inimigos, abrir eventuais portas trancadas usando chaves, e prosseguir até o final.

Algumas fases contarão com rachaduras nas paredes, onde você poderá utilizar de barris para explodí-las e ter acesso a salas secretas. Mas não é algo recorrente, e em geral, o fato de haver barris na fase é um indicador que é provável haver ao menos uma sala secreta por perto!

Na maioria das fases você encontrará Invocadores, pilares que ficam invocando inimigos indefinidamente. Há uma pequena diversidade de inimigos, conforme o ato em que você está.

O segundo andar de cada capítulo costuma ser survival: sempre haverá alguma ameaça muito grande a você. No primeiro ato, é a própria Morte que te segue, e te matará com um toque! No segundo ato é uma escuridão exagerada, que deixa tudo difícil de enxergar, e no terceiro ato é uma chuva de bolas de fogo que cai na fase.

Já o terceiro andar dos capítulos costuma ser um tipo de arena, com fases pequenas de layout simples, muitos Invocadores e ondas de inimigos.

Portanto, o foco da jogabilidade é destruir os Invocadores o mais rápido possível, enquanto dizima o exército inimigo, tentando manter-se vivo em meio a armadilhas variadas. Parece fácil e simples, mas acredite, é bem longe disso!

Morreu? É possível ressuscitar algumas vezes durante uma fase, utilizando Moedas de Crânio. Elas são ganhas à medida que você mata monstros, e duram por todo o capítulo.

Ah, sim, uma dica: cuidado para não destruir comidas e poções! Especialmente com ataques em área, é muito fácil destruir uma comida tão necessária para sobreviver, então fica a dica!

Arte

Gráficos e Interface

O jogo possui gráficos belos, com modelos não tão detalhados, mas com bela iluminação e efeitos de partículas que mascaram esse déficit – além é claro, da ajudinha da distância da câmera.

A interface do jogo é excelente, ocupando pouquíssimo lugar da tela, com indicadores bem claros de tudo que é importante. No topo à direita, a quantidade de Moedas de Crânio (para reviver) e uma barra que mostra o progresso para o ganho da próxima; to topo ao centro, o seu escore atual do capítulo; e finalmente em baixo, um box do personagem, com todas suas informações.

Sons e Música

A trilha musical é dividida: em parte, lembra um pouco jogos retrôs mas com um toque remasterizado, e ao mesmo tempo, abordam a temática épica de calabouços, com uma música levemente dramática para acentuar o clima frenético do jogo.

Os sons são bem legais, em especial as falas dos personagens e do próprio narrador do jogo, que ficam falando eventualmente conforme eventos da fase, ou a própria saúde do jogador. E em português, as vozes também são dubladas!

Modo clássico

O jogo conta com uma porção de opções gráficas, nada essencialmente avançado, mas mais que suficiente para funcionar bem, mas dentre elas, destaco a opção única do Modo Clássico, que aplica um filtro no jogo para deixar o gráficos quadriculados e profundidade 8 bits (256 cores), dando um toque gráfico de um jogo retrô a ele!

Cooperativo

Cooperativo local e online misto

Agora sim, aquilo para qual o jogo foi realmente criado! Com cooperativo local, online e misto para até 4 jogadores, é onde o jogo realmente brilha, permitindo aos 4 personagens do jogo se aventurarem juntos e somar suas forças.

Para hospedar uma partida, você deverá ir no normalmente no menu Iniciar Jogo para abrir o Lobby. Na tela de seleção de personagem, os menus de hospedagem multijogador estão à direita: você poderá convidar amigos, alternar o jogo entre privado e público, ou expulsar alguém que tenha entrado em seu lobby.

Caso queira entrar na partida de outro jogador, você deverá utilizar a opção Jogo Rápido no menu principal. O jogo então irá escolher algum jogo público da dificuldade selecionada, e você entrará nele. Infelizmente, não há uma listagem de jogos criados ou algo do gênero.

Como dá pra imaginar, só é possível entrar num jogo que esteja no lobby, sendo impossível entrar num jogo em andamento e pegar o bonde andando. Também não é possível escolher personagens repetidos – caso alguém escolha um personagem, você só poderá escolher os outros que ainda estão livres!

A dificuldade das fases é sempre proporcional ao número de jogadores, portanto nada de mamata ou descanso! Você deverá utilizar o seu personagem bem, ou poderá acabar afundando o seu time, tendo em vista que as vidas extras são compartilhadas!

O destaque do multiplayer é a possibilidade de partidas mistas, permitindo jogadores locais adicionais em partidas multiplayer. É um recurso muito legal, e interessantíssimo para esse tipo de jogo.

Na prática, o jogo age da mesma forma em partidas locais e online: você verá o box de informações dos outros jogadores, e a câmera do jogo é travada para todos, forçando os jogadores a andarem juntos!

Outro detalhe é que ao final de cada andar e capítulo, o jogo mostrará a pontuação de cada jogador, incitando assim uma competição saudável entre os jogadores, elegendo como vencedor o jogador que obteve mais pontos. Ou seja, roube a coroa do seu amiguinho se ele derrubá-la!

Veredito

A fórmula sagrada do Gauntlet clássico já havia sido explorada recentemente em Hammerwatch e FORCED, mas é aqui que ela foi completamente honrada.

Ao contrário do foco em puzzles de FORCED ou da simplicidade de Hammerwatch, Gauntlet foca-se muito mais em ação, onde só há espaço para respirar entre uma sala e outra durante as fases.

A jogabilidade é extremamente fluída, o fato da progressão no jogo ser um sistema secundário faz com que como em Magicka, a sua própria habilidade no jogo tenha de evoluir o bastante para superar os desafios.

O modo cooperativo enriquece muito o jogo, pelo fato de forçar personagens diferentes na partida, e de fato, suas jogabilidades e funções serem completamente diferentes, porém complementares!

Quem gosta de ARPGs em geral deverá apreciar muito o título – claro, desde que não espere grind de qualquer gênero, pois aqui não há nada disso! O jogo é, antes de mais nada, ação e cooperação, então também recomendo muito pra quem curtia Beat’em Ups na era dourada dos fliperamas, podendo reviver essa tomada de outro ângulo!

Mas claro, quem já jogou o Gauntlet original, tem um motivo especial pra conferir essa nova versão: o fator nostalgia.

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